domingo, 26 de julho de 2009

Sobre aprender a voar

Um lugar qualquer,
acima do 10º andar
para eu poder me atirar de lá
será que eu saberia voar?
Meu corpo atirado no espaço
entre a genialidade e a loucura,
jogada num lapso temporal
eu saberia voar?
Bateria em uma nuvem
para sentir alguma gota da 1º chuva do ano,
aquela que ainda não chegou
a nuvem me cuspiria de lá?
Arremessada contra o Cristo Redentor
[a nuvem me arremessava
ou o impulso vem de mim mesma?]
e o bispo que reza pro Cristo,
ia gritar "você peca"
e me atirava de novo
no espaço vazio de azul
e repleto de uma fumaça cinzenta
que não era da nuvem...
até me acertarem de costas,
por sobre as rochas.
E dali de onde eu vejo o mar
vejo as ondas querendo lavar o sangue
que mancha esse asfalto onde pisa
insistente
e avassaladora,
a violência.
E eu me pergunto
eu saberia voar?
E de lá do meu lugar,
mais alto que o 10º andar,
voa a dor
e eu grito pra nuvem "me leva".
Dedo médio em riste,
"Bispo você nada vê, você peca também."
Deságuo naquelas rochas,
de frente pra orla
onde o mar quebra...
no Arpoador.

Eu aprendi a voar sem você.

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