segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mariana

Mariana

Bastava um olhar
pra ela me decifrar
levava só um segundo
pra ela me entender.
Eu falava de amor
só para impressionar
para vê-la se perder
dentro do meu olhar.
Mariana sabia de mim,
sabia que essa mulher
era só uma menina
que no caminho brigou com a fé
e a perdeu em alguma esquina
Mariana sabia também
que não havia como procurá-las
tanto menina quanto mulher
perdidas e desarticuladas
dentro de mim.



Transborda uma vontade imensa de saber mais... quando ela cala.
Essa revolução de pensamentos desconexos que não consigo nomear
...
divinamente galesa
...

domingo, 16 de agosto de 2009

Sobre imagens refletidas

Ela sabia o que sentia, ainda que não quisesse sentir.
Sabia que ali estava um rosto no qual não se reconhecia, mas que era seu.
Os olhos castanhos pareciam tão escuros agora.
Seria de dor, de raiva, de mágoa?
Franziu o cenho... tanta coisa já havia acontecido
conhecera pessoas, perdera amores
havia visto tanta gente partir, deixando-a..
ou ela os deixava, não sabia ao certo ou tinha medo de saber.
Então era isso...
não era raiva, mágoa ou dor de espécie alguma..
era só o vazio.

domingo, 26 de julho de 2009

Sobre aprender a voar

Um lugar qualquer,
acima do 10º andar
para eu poder me atirar de lá
será que eu saberia voar?
Meu corpo atirado no espaço
entre a genialidade e a loucura,
jogada num lapso temporal
eu saberia voar?
Bateria em uma nuvem
para sentir alguma gota da 1º chuva do ano,
aquela que ainda não chegou
a nuvem me cuspiria de lá?
Arremessada contra o Cristo Redentor
[a nuvem me arremessava
ou o impulso vem de mim mesma?]
e o bispo que reza pro Cristo,
ia gritar "você peca"
e me atirava de novo
no espaço vazio de azul
e repleto de uma fumaça cinzenta
que não era da nuvem...
até me acertarem de costas,
por sobre as rochas.
E dali de onde eu vejo o mar
vejo as ondas querendo lavar o sangue
que mancha esse asfalto onde pisa
insistente
e avassaladora,
a violência.
E eu me pergunto
eu saberia voar?
E de lá do meu lugar,
mais alto que o 10º andar,
voa a dor
e eu grito pra nuvem "me leva".
Dedo médio em riste,
"Bispo você nada vê, você peca também."
Deságuo naquelas rochas,
de frente pra orla
onde o mar quebra...
no Arpoador.

Eu aprendi a voar sem você.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sobre memórias vagas

Talvez porque as pessoas têm necessidade de encontras humanos, porque rumamos para agrupamentos, porque não conseguimos viver sozinhos, porque precisamos nos comunicar com a família, com os amigos, com desconhecidos, com antigos conhecidos que hoje não passam de fiapos translúcidos de memória.
talvez por tudo isso e mais algumas razões desconhecidas, nós usamos o Orkut, o Facebook, o Myspace, Twitter e tudo o mais que pudermos para que consigamos nos comunicar.

Mas eu só pensei nisso agora, mais precisamente enquanto fuçava o Orkut de uma garota que estudou na minha classe durante o ensino médio por cerca de dois anos.
Uma garota bonita, magra, descendente de japoneses e cuja cor original dos cabelos deveria ter sido castanho, mas isso eu nunca cheguei a saber, estava sempre loira.
Nós não conversávamos direito nessa época (que agora parece extremamente distante), na verdade poucas pessoas falavam comigo com frequência na escola considerando minha baixa popularidade e a homossexualidade declarada que tinha me transformado em alvo de piadas grosseiras da maior parte dos amigos héteros dela.
Hoje eu sei que isso se chama "bulling", mas antes eu só tinha vontade de jogar uma bomba sobre a escola mesmo.

A razão que me levou ao Orkut da garota foram as fotos de uma criança, uma menininha linda que me fez pensar "será que é filha dela?". Por mais que me esforce pra achar natural pessoas tão jovens sendo mães e pais acho que não me acostumei exatamente com isso ainda.
Principalmente levando em conta pessoas que um dia conviveram comigo todos os dias úteis da semana durante um ano ou mais.
Ela sentava perto de mim, eu acho, e tinha um grupo grande de amigos na sala, as meninas sentavam perto dela e os rapazes um pouco atrás. Embora eu quisesse fortemente estrangular os garotos eu até que me dava bem com ela e as meninas, na medida do possível.
Elas deviam falar de mim (mal, provavelmente), mas não tinham o hábito de escrever piadas maldosas no quadro nem passavam as aulas me perturbando como os garotos e isso já me era suficiente.

Daquele grupo (dela e das amigas) ao menos três já têm filhos. Uma ainda no primeiro ou segundo ano (e, portanto, não se formou conosco), a segunda especuláva-se grávida no final do terceiro ano e posteriormente de fato teve uma filha (uma graça, por sinal) e ela.
É possível que tenha havido mais grávidas, mas isso eu não sei.

O que me parecia incrível é que quando tinha uns 15 anos eu pensava que gravidez na adolescência só ocorria às meninas da rede pública de ensino, mas eu estudei a vida toda em colégios particulares e na época (como em grande parte da vida) eu estudava em uma tradicional escola católica no centro da cidade onde ainda moro, Nova Iguaçu.
E por isso ficava meio chocada, meio curiosa com essas notícias de gravidez.
A nissei em questão, deve ter a minha idade, 21, menos ou mais com pouca diferença.

Não sei ao certo por que toquei nesse assunto hoje, mas penso que as fotos dela com a filhinha remexeu certas lembranças dentro de mim e despertou minhas memórias, nem sempre agradáveis, com aquela sensação de tempo correndo, de vida passando mais rápido do que consigo acompanhar e eu me vi sentada e absorta diante do notebook.
E me deu vontade de escrever sobre o que lembro daquela época há quatro ou cinco anos de distãncia da data de hoje.
Eu ali sentada na minha carteira, tentando afundar nela toda vez que ouvia as piadinhas imbecis dos amiguinhos dela e ela com as amigas, todas sentadas na frente e no meio da classe, conversando (o que faziam na maior parte das aulas) tranquilas, tão adolescentes quanto eu mesma e me pergunto se elas (ou eu) imaginavam suas vidas assim dali pra frente.

O que essas memórias me despertam é a sensação de que todos nós (ou a maioria) aproveitamos bem nossas adolescências, ora querendo se filiar a Al Quaeda e explodir um avião contra os prédios da escola, ora batendo um papo descontraído com os amigos. Porque boas ou não, são essas as lembranças que vão ficar nas nossas mentes quando fuçarmos o orkut de alguém da época só pela curiosidade de saber no que estas pessoas se transformaram, como têm levado a vida, ou meramente se ainda existem.

Penso que ando saudosista demais...

sábado, 11 de julho de 2009

Por que você é hétero?

1. O que você acha que causou a sua heterossexualidade?

2. Quando e como você decidiu que era um heterossexual?

3. Você acha possível que a sua heterossexualidade seja apenas uma fase que você um dia irá superar?

4. Você não acha possível que a sua heterossexualidade tenha origem em um medo neurótico de outros do mesmo sexo?

5. Os seus pais sabem que você é heterossexual? Seus amigos e colegas sabem? Se sabem, como foi que reagiram?

6. Por que você insiste em exibir a sua heterossexualidade? Você não pode apenas ser o que é e ficar na sua?

7. Por que os heterossexuais enfatizam tanto o sexo?

8. Por que os héteros insistem tanto em forçar os outros a adotar seu estilo de vida?

9. Uma maioria desproporcionalmente alta de pedófilos é heterossexual. Você não acha perigoso expor crianças a professores heterossexuais?

10. O que exatamente um homem e uma mulher fazem na cama? Como podem eles saber como agradar ao outro, sendo tão diferentes anatomicamente?

11. Apesar de todo o apoio que o casamento recebe, o divórcio cresce exponencialmente. Por que existem tão poucas relações estáveis entre heterossexuais?

12. As estatísticas mostram que a incidência de moléstias sexualmente transmissíveis tem seu índice mais baixo entre lésbicas. É realmente seguro uma mulher manter um estilo de vida hétero e correr o risco de doenças e de uma gravidez indesejada?

13. Como pode você se tornar uma pessoa inteira se você se limita a uma heterossexualidade exclusiva e compulsiva?

14. Considerando a ameaça de superpopulação,como poderá a raça humana sobreviver sendo todo mundo heterossexual?

15. Dá pra confiar na objetividade de um terapeuta heterossexual? Você não sente que ele/ela poderá estar inclinado a influenciá-lo na direção de suas próprias experiências?

16. Parecem haver tão poucos heterossexuais felizes. Já foram desenvolvidas técnicas que podem permiti-lo mudar se você desejar. Você já considerou a hipótese de tentar a terapia de conversão?

17. Você gostaria que um filho seu fosse heterossexual, mesmo sabendo dos problemas que ele/ela vai enfrentar?

18. Se você nunca foi pra cama com alguem do mesmo sexo, será que você não está mesmo é precisando de um bom amante gay?


Este texto eu encontrei em um blog enquanto fuçava por aí. Mas é bastante interessante inverter os papéis pra que se sinta o que se costuma proporcionar aos outros.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre romances e tempestades

Você nunca saberá
não entenderá o porquê
ainda que eu lhe mostre
claramente o que há por trás dos meus olhos.
você não compreenderia
a paz que me tomava quando você sorria
ou o que me entorpecia no toque das suas mãos..
não, você não sabe o que é isso
esperar anos a fio pelo som de uma risada
desejando, silenciosamente, a vida que emanava dela.

Também não entenderia
o desespero de sair de cena
na compreensão de não poder fazer feliz o seu dia.

E foi na angústia de vê-la não saber sobre mim
que algo em mim doeu,
profundamente..
e eu fui fugindo, como pude,
mas enquanto corria
eu a carregava dentro de mim,
aonde minhas mãos não puderam chegar
não, eu não a alcanço
desabalada
num passo-pós-passo
vc indo embora,
mas permanecendo
todos os dias
em algum lugar aqui dentro.
Você não entenderia
sua voz ecoando em minha mente
suas expressões indo e vindo
e eu fugindo..

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ensaio sobre a solidão

Chovia. 1/4 de hora já havia se passado desde que parara diante da janela da sala de estar, perto das bromélias. "Plantinhas epífitas, exóticas e coloridas" pensou ele enquanto continuava de pé em frente à janela como se esperando que a vida simplesmente passasse.
O velho relógio da mãe, pendurado há anos na parede da sala, insistia inconveniente em lembrá-lo do tempo correndo. Enquanto o tempo ia, desesperado e avassalador, ele permanecia. Estagnado à espera não sabia de quê ou de quem, com a pele enrugando e a cabeça onde todos os dias surgia um novo fio de cabelo branco.
Seria demais dizer que não vivera, possuía uma ou outra lembrança, sempre esparsa, dentro da mente. Um verão em Paquetá com uns amigos, as noites de samba no centro com uma garota, o pôr do sol no Arpoador, sozinho. Ou em Paquetá com uma garota, sozinho na Lapa e o pôr do sol com os amigos, ou em todos eles sozinho.
Esticou a mão até a estante ao lado, abriu uma garrafa de Whisky, doze anos, que ganhara de um homem num inverno qualquer em uma cidade do sul. "Era até bonito, mas velho demais". Preparou uma dose e bebeu sem gelo, gole único, não era habituado a saborear.
Olhou as bromélias do lado de fora, trouxera estas de um lugarejo na argentina, deixando muito mais nítido o olhar distante, quase triste.
As orquídeas ele não gostava nem de olhar, foram presente de aniversário da amiga Sara [ou seria Leila?], uma que havia ligado para ele todas as semanas depois de conhecê-lo sem que sentisse ele vontade de retorná-las, certa tarde o telefone não mais tocou. "Era uma ótima amiga, mas tão volúvel... claro que iria desistir de mim" era o que passava pela cabeça branca do sujeito que adorava plantas, bebia whisky e passava as horas olhando através da janela.
Esticou novamente a mão e trouxe à boca outra dose, lembrou do gosto bom de alguns beijos que lhe entediavam em minutos.
Acendeu metade de um cigarro que havia deixado sobre o cinzeiro, viu-o queimando, esgotando-se muito mais rapido do que ele conseguia tragar e sentia entre os lábios um gosto amargo de álcool, cigarro e saudade de tudo o que poderia ter sido e que por alguma razão que as bromélias teimavam em não revelar a ele, não foram.
Sabia muito de flores e pouco de gente.

sábado, 2 de maio de 2009

2 de Maio

Maio pra ver você chegar

onde nada possa te alcançar

nem os olhos que te olhavam

feito rosa no deserto

e naquele seu rosto de criança

alçavam vôo

pra brilhar no seu céu.

Maio pra ver você sorrir

onde a primeira estrela brilhou

meu sonho mais alto voou

pra te encontrar nesse universo,

meu amor.

Outono pra ver você nascer

folhas pra enfeitar o seu cenário

se linda você sorri pela manhã

é que o sol nasce pra ver você brilhar.

Amanda,

guia seus passos certos

nestes caminhos incertos

e não olhe para trás

anda sem medo de errar

e se precisar chorar

está em mim o seu cais.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Inconstitucionalidade do toque de recolher

Recentemente foi instaurado em uma cidade do interior paulista o Toque de recolher, famoso à época da ditadura militar, talvez não por mera coincidência, sendo um mecanismo de cerceamento de diversos direitos inerentes às pessoas, entre eles o que tange a liberdade de ir e vir.

É preciso ressaltar que crianças e adolescentes, e não só adultos gozam de todos os direitos individuais inerentes à pessoa (de qualquer idade) porque tratam-se de direitos fundamentais arrolados no art. 5 da CF/88, tais como o direito de ir e vir, ferindo a liberdade individual que pertence à pessoa no momento em que ela nasce com vida.

Não obstante, devo ressaltar que leis municipais, estaduais são leis ordinárias e à luz do art. 5, II da CF/88 "ninguém ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei." e lei aqui se interpreta, em consenso geral, em strictu sensu, ou seja, em sentido restrito a Constituição Federal... O direito à liberdade e exercício pleno de direitos individuais e fundamentais, garantidos pela constituição, de crianças e adolescentes está contemplado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seus arts. 15 e 16, I , lembrando que o termo "legais" deve ser entendido em strictu sensu.

Além disso, o toque de recolher implantado nessas cidades fere o Princípio da Igualdade ao dispensar a todo adolescente tratamento que deveria ser dado somente àqueles praticam atos ilegais, o que deveria ser fiscalizado e repreendido pelas autoridades policiais, trabalho este que acaba mascarado pelo toque de recolher.

Cabe aos pais ou responsáveis legais pelos jovens a determinação de horários para permanência fora de casa dos mesmos.

De fato o toque de recolher ajudou a diminuir os índices de criminalidade juvenil na referida cidade, contudo aqueles que não têm por objetivo cometer qualquer espécie de ato ilegal, e deve-se considerar que formam a maioria, são prejudicados em sua dignidade (ao serem levados ao mesmo patamar de jovens marginais) e em seus direitos de igualdade e liberdade uma vez que não se pode jamais esquecer os direitos que nos são inerentes, adultos ou não.

Os pais desses jovens, que apóiam a medida ditatorial imposta por lá, provavelmente ainda se lembram do que passaram eles mesmos durante a ditadura militar, alguns perderam familiares, amigos ou viram os mesmos voltando de prisões e do exílio naqueles tempos de horror, e ao permitirem que seus filhos sejam submetidos a este tipo de medida estão sujeitando essas crianças a tratamento semelhante ao que lhes era dispensado nos anos de chumbo.

Além disso, deve-se ressaltar que medidas como essa apenas mascara um serviço policial ineficaz, medidas sociais e de segurança pública que deixam muito a desejar. Como diz-se popularmente é uma forma clara de tentar “tapar o sol com a peneira”.

Mas se os pais desejam ver seus filhos reprimidos por uma ditadura camuflada de segurança, como eles mesmos o eram a cerca de 30, 40 anos e apoiar a falta de vontade real que toma conta de seus políticos e membros do judiciário (porque exigir que se façam coisas realmente úteis e eficientes é dever da sociedade que elege seus representantes) então, estão em um bom caminho.

domingo, 29 de março de 2009

À Pyettra... "O amor se multiplica"

Eu a amei mesmo antes de conhecê-la e também antes dela conhecer este mundo. Ainda era um feto desfrutando do doce prazer de estar no ventre da mãe. A amei à distância, quilômetros e quilômetros entre o estado que é o coração de um país e o outro que detém a cidade mais maravilhosa. Eu a conheci por fotos antes de tocar aquelas mãozinhas pequeninas e delicadas como de uma boneca.Ela não gravou meu rosto, tampouco reconhece o som da minha voz, no entanto é mais, muito mais do que simplesmente saber que ali corre um pouco do sangue que corre em minhas veias, é ter a certeza de que ela de alguma forma reviveu uma família, ainda que aos poucos, é reconhecer nos olhinhos pequenos, escuros e puxados dela um pouco do pai, que também permanece distante, transmitindo o amor a um irmão para uma pequena descendente.EU NÃO PUDE ESTAR COM ELA EM SEU PRIMEIRO ANO DE VIDA, MAS PENSEI NELA O TEMPO TODO, PORQUE O AMOR NÃO SE DIVIDE, SE MULTIPLICA!!!FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA PRINCESINHA... minha sobrinha...

sábado, 14 de março de 2009

Eu fui até onde podia por você.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sobre aprender a amar

Havia uma garota, dona de uns olhos pequeninos como ela mesma. Ela estava acostumada a tomar com as mãos o mundo a sua volta, cercada de pessoas, sorrisos e principalmente, outras garotas.Ela gostava muito dessa vida, do cheiro do asfalto durante a madrugada, da mistura amarga de beijos, cigarro e álcool. Sentia-se bem em meio a noite turbulenta, mas não, ela não navegava em águas calmas.Personalidade forte, temperamento difícil e uma dor gigantesca a tomavam centímetro por centímetro e ela ia aos tropeços, bêbada, arrogante, cercada pelas mulheres que conquistava. Não achava difícil essa tarefa, olhava, olhava e na terceira olhada metade do caminho já havia sido percorrido.Mas não pensem que ela não era feliz, ahh... isso ela era. É provável que tenha nascido para esse tipo de vida, uma esécie controversa de fama anônima, havia se transformado em uma grande embarcação que sentia um estranho prazer em navegar por mares tempestuosos, onde o brilhantismo da mente e da capacidade do comandante pudessem se sobressair.
Em um desses mares a garota encontrou alguém, como milhares de outros alguéns, mas ao chegar ao fim não gostou de ser deixada, traída..Achava-se mesmo importante demais pra ser deixada de lado e enganada de forma tão torpe. Especialista em grandes contra ataques, ela derrubou o "inimigo", tempos mais tarde, atirando tão logo contra o orgulho desse adversário insolente, tirando-lhe o par..Esse par.. uma menina linda, dona de uns olhos castanhos muito escuros, uma boca em formato de coração e uma vontade enorme de acertar.Ela tinha medo de se deixar envolver pelas conhecidas artimanhas da intempestiva garota do início do texto, mas encontrava naquele par de olhos claros uma razão pra seguir em frente.
Elas aprenderam, degrau por degrau, as dores e o prazer da vida a dois [ou a duas, nesse caso], pode-se dizer que cresceram juntas.e a garota, a do início, foi se apaixonando todos os dias por aquele porto tranquilo, doce.Agora já não pensa em abandonar este porto.. é ali que fica o seu cais.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O signo do Dragão

DRAGÃO
Animal mitológico símbolo da força, da coragem e da sabedoria.

Ela acordava todas as manhãs, cara amassada, cabelos para o alto, olhos sem querer abrir.Vestia-se para a escola, uniforme sempre mais largo que os das outras meninas, encarava o horizonte sem muita certeza e ia.

No primeiro passo, pequeno, aquela criança que não devia ter mais que uns 7 ou 8 anos era apontada por algum desconhecido pela rua. "Ela é estranha" era a mais delicada das frases que costumava ouvir. De fato, talvez fosse mesmo estranha, mas aquilo a incomodava. Algo dentro dela se revirava com isso.POrtão adentro era a mesma coisa e na volta também. Ela jogava futebol com os meninos e andava com a cara amarrada.

Mas quando a via.. tudo desaparecia. Os olhos de um castanho muito claro brilhavam e ali, de frente para ela, a menina dos olhos claros sentia-se muito bem. A outra a abraçava, sentava em seu colo e a pele da jovem "estranha" ia arrepiando. Enquanto a via, o sorriso, os olhos muito escuros, a pele morena bem clara, as formas do rosto...ia parando o tempo..

Ela sabia que era diferente de uma suposta maioria, só não entendia por que havia de ser estranha por isso. OUvia constantemente os comentários, as insinuações. Eles não cessavam com o tempo, mas ela deixava de prestar atenção com o passar dos dias. O que ouvia sobre ela influenciava menos num dia do que no anterior e assim em diante.

Acordou um dia e vestiu-se para a universidade.A miopia disfarçada em um par de lentes de contato, gel nos cabelos, cabeça erguida, cigarro [Carlton] na mão esquerda e na cabeça as lembranças de como chegara até ali.Abria sempre um sorriso, exposição sem medo de ideais, carinho com aqueles que a acompanhavam, lealdade aos amigos, uma segurança em si mesma, gentileza com os desconhecidos, curiosidade e vontade de aprender sobre tudo um pouco.Carregava consigo tudo o que precisava.Uma garota a olhou assim que passou pelos portões, mas não a apontou [embora alguns ainda fizessem isso], a garota a encarou e deixou por isso mesmo.Na sala encontrou novamente com a garota da entrada, era bonita demais a menina, e foi lá que ficaram se olhando.Era uma "estranha" aos olhos de uns e uma atraente menina aos olhos de outros. os dias em que passava ainda criança e adolescente pelas ruas e ouvia os comentários foram criando dentro dela uma certeza de quem era, do que queria, de seus objetivos.

Cresceu nela a personalidade forte, o temperamento difícil, a experiência no trato com as pessoas, a compreensão sobre inteligência e diversidade, a lealdade.Ás vezes ela pensa que isso contribuiu para uma certa atração que algumas pessoas sentem por ela. Isso a ajudou e ela agradeceu, silenciosamente por todos aqueles que um dia a apontaram e cochicharam enquanto ela passava, e àqueles que ainda fazem isso porque quanto mais fazem mais certeza ela tem de que aqueles que não fazem estão trabalhando para construir um lugar melhor para vivermos.O signo dela no horóscopo chinês? DRAGÃO.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Essa insônia só me faz falar besteira

Deixe-me chorar vá, dê-me ao menos isso enquanto a fumaça do meu Carlton vai pelo ar e a madrugada se esvai em mim. Eu naum saberia te explicar essa dor que me assaltou com seu retrato. Estaria mentindo se dissesse que naum sou feliz, mas me faz tanta falta o teu sorriso...assim de perto como nas lembranças...é, elas saum antigas, eu sei, mas ao fechar os olhos ainda posso ver o brilho dele.